Mãe suficientemente boa: estratégias práticas para fortalecer vínculo, saúde mental e desenvolvimento infantil

Lembro-me claramente da vez em que, no meio da madrugada, meu bebê chorou por horas e eu senti que havia falhado. Eu olhei para as redes sociais, vi mães que pareciam ter tudo sob controle e pensei: “Será que existe mesmo uma mãe perfeita?” Na minha jornada como jornalista e mãe, aprendi que a resposta é não — e que isso é libertador. Neste artigo você vai entender o que significa ser uma mãe suficientemente boa, por que esse conceito importa para o desenvolvimento da criança e para sua saúde mental, e terá estratégias práticas e reais para aplicar hoje.

O que significa “mãe suficientemente boa”?

O conceito foi cunhado pelo pediatra e psicanalista Donald Winnicott na década de 1950. Winnicott defende que a criança não precisa de uma mãe perfeita, mas de uma mãe “boa o suficiente” — alguém que responde às necessidades do bebê de forma consistente, mas que também permite pequenas frustrações que ajudam a criança a desenvolver autonomia e resiliência. (Fonte: https://www.britannica.com/biography/Donald-Winnicott)

Pense nisso como uma estrutura de segurança: você é o suporte que permite que a criança explore, sabendo que há limites e retorno seguro quando necessário.

Por que esse conceito importa?

Você já se sentiu esmagada pela pressão de ser “a mãe ideal”? Essa busca pela perfeição aumenta estresse e culpa materna, fatores associados a problemas de saúde mental. Segundo a Organização Mundial da Saúde, problemas de saúde mental durante a gravidez e no pós-parto afetam um número significativo de mulheres globalmente — cuidar da saúde mental materna é essencial para o bem-estar da família (https://www.who.int/mental_health/maternal-child/en/).

Além disso, pesquisas em desenvolvimento infantil e teoria do apego mostram que a sensibilidade e a disponibilidade materna são mais determinantes para o desenvolvimento saudável do que a ausência de erros pontuais. Em outras palavras: consistência e afeto são mais importantes que perfeição.

Como ser uma mãe suficientemente boa: estratégias práticas e vividas

Abaixo, práticas que usei e recomendo — descrevo o que deu certo e os desafios que enfrentei.

– Estabeleça rotinas simples e realistas.
Na minha casa, o banho+leitura antes de dormir virou uma âncora. Nem todo dia foi perfeito, mas a repetição criou segurança. Rotinas reduzem ansiedade tanto no bebê quanto na mãe.

– Priorize resposta consistente, não imediata sempre.
Nem sempre precisamos correr no primeiro choro. Aprendi a distinguir choro de fome, sono ou necessidade de colo. Isso ajudou meu filho a aprender a se acalmar e me deu fôlego.

– Aceite a frustração saudável.
Quando deixei de intervir em pequenas frustrações (por exemplo, não resolver todo conflito de brinquedo), vi meu filho desenvolver solução de problemas. Pequenas frustrações ensinam limites.

– Delegue e peça ajuda.
Pedi ajuda da minha mãe e de amigos. Ter apoio prático (alguém para buscar médico, cozinhar uma refeição) é parte essencial de ser uma mãe suficientemente boa.

– Cuide da sua saúde mental e física.
Dormir quando possível, alimentação regular e conversar com outras mães ajudaram. Se você suspeita de depressão pós-parto, procure um profissional — sinais descritos pela Mayo Clinic incluem tristeza persistente, perda de interesse e pensamentos de autolesão (https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/postpartum-depression/symptoms-causes/syc-20376617).

– Use limites claros com tecnologia.
Eu montei zonas e momentos sem celular para estar mais presente. Pequenas mudanças na atenção fazem grande diferença para o vínculo.

Exemplo prático: quando o berreiro dura 40 minutos

Uma vez, ao deixar meu filho chorar por frustração de não conseguir montar um brinquedo, esperei 5 minutos, ofereci ajuda verbal e, depois, interveni. Resultado: ele conseguiu expressão de frustração e tentou novamente. Aprendi que nem todo choro exige solução imediata — muitos exigem presença consistente.

O que não funciona — e o que aceitar

– Não funciona perseguir perfeição. Perfeccionismo aumenta ansiedade materna sem melhorar o desenvolvimento infantil.
– Não funciona a comparação constante com outras mães. Cada família tem contexto, história e recursos diferentes.
– Aceite que erros acontecem. O importante é reparar: pedir desculpas, explicar e ajustar a conduta.

Quando pedir ajuda profissional

Procure apoio quando: você sente tristeza profunda, perda de interesse nas atividades diárias, pensamentos de não conseguir cuidar do bebê, sentimentos constantes de culpa ou exaustão extrema. Profissionais de saúde mental e serviços de atenção perinatal podem oferecer diagnóstico e tratamento adequados (https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/postpartum-depression/symptoms-causes/syc-20376617).

Perguntas frequentes (FAQ)

– O que diferencia uma mãe suficientemente boa de uma mãe negligente?
Mãe suficientemente boa responde às necessidades básicas com consistência; negligência é ausência repetida de cuidado necessário ao desenvolvimento.

– Se eu não concordo com Winnicott, há outras visões?
Sim. Existem abordagens diferentes em psicologia e pediatria, mas muitas concordam que consistência, sensibilidade e cuidado disponível são centrais.

– Como lidar com a culpa materna?
Pratique autocompaixão: reconheça limites reais, liste pequenas vitórias e compartilhe sentimentos com outras mães ou um terapeuta.

Conclusão

Ser uma mãe suficientemente boa não é reduzir ambição — é escolher o que realmente importa: presença, consistência e afeto. Você não precisa ser perfeita para criar um filho resiliente e seguro. Pequenas mudanças no dia a dia, pedir ajuda e cuidar de si mesma são passos poderosos.

E você, qual foi sua maior dificuldade com mãe suficientemente boa? Compartilhe sua experiência nos comentários abaixo!

Fonte e leitura recomendada: artigo sobre Donald Winnicott na Britannica (https://www.britannica.com/biography/Donald-Winnicott) e informações da Organização Mundial da Saúde sobre saúde mental materna (https://www.who.int/mental_health/maternal-child/en/). Também consultei orientação clínica da Mayo Clinic sobre depressão pós-parto (https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/postpartum-depression/symptoms-causes/syc-20376617).

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